O despertador toca as 06:45. Todos os dias ele toca esse horário, pelo menos de Segunda a sábado. Eu estava com tanto sono que, como de praxe continuei dormindo até o segundo toque, as 07:00 da manhã. Isso por que já estava entrando muito sol pela janela, ainda sim estava morrendo de sono e ficaria ali por mais sei lá, horas.
Era um sono justificável, na minha visão, afinal dormir em média 3 horas por noite não é pra qualquer um, no dia anterior me deitei na cama o relógio marcava 04:10 da madrugada.
Era uma terça-feira, e isto sempre me deixava mais desanimado, afinal eu precisava obrigatoriamente estar na empresa às oito horas.
- Lá vamos nós, coragem! Pensei, ainda no banheiro de frente ao espelho, quinze minutos depois eu estaria já pronto para dirigir por 30 minutos de semáfaros, estradas ruins e trânsito pesado. Pelo menos trabalhava na mesma cidade e isso já era uma ajuda.
- "Oiii, dormiu bem? Bom trabalho, beijos" dizia a mensagem no celular pouco antes de pegar a estrada, cruzei a av. Dumont quase no vermelho, mas que mal tem, todo mundo faz isso por ali, ao som de Any Other Day" parecia ser menos estressante fazer este chato caminho todos os dias.
No segundo semáfaro, agora no cruzamento da Dumont com a av. Charles, não menos movimentada nesse horário o semáfaro estava verde, neste caso passava por ali em média a 60 km/h as vias são largas e o asfalto é bom, mas neste dia, mesmo com sinal verde, derrepente pisei com toda força no freio, antes de olhar para o lado, como se pressentisse algo errado, num flash em milésimos de segundo uma moto cruzou minha frente em sinal vermelho tombando e motoqueiro caindo no asfalto, se perdeu talvez pelo susto do cantar dos meus pneus, antes que pensasse em algo eu já estava ali do lado dele, o ajudando a levantar, quando tirou o capacete vi que não era ele, ere "ela".
Estava tremendo, suando, muito assustada e com alguns pequenos arranhões pela queda, mas a salvo.
- Você estava no vermelho, por que não parou? Perguntei
- Desculpe, desculpe, eu não percebi, achei que daria tempo, não sei, foi tudo muito rápido. Ela disse, agora chorando.
- Tudo bem, você está bem? Sente dor?
- Não estou bem, muito obrigada, muito obrigada por parar, eu estou bem. Muito obrigada.
Olho no relógio, cinco para as oito. A moça realmente estava bem, apesar do choque do momento, ela ligou ao seu pai que viria acompanhá-la. Voltei ao caminho para o trabalho, antes apenas peguei seu nome: Josi.
O resto do caminho fui pensando, aquele cruzamento não possui nenhuma visibilidade, as esquinas estão cercadas por muros altos e a velocidade também é alta, por que parei o carro antes de ouvir a moto, ou vê-la? Tenho certeza que pisei no freio antes de ve-la, foi como um instinto, não sei, talvez aconteça com todo mundo as vezes, pensei no momento... procurei esquecer e cheguei ao trabalho dez minutos atrasado.
2.000 metros quadrados.
7 andares.
723 funcionários.
Esses números nunca me impressionavam lá, para mim, estava apenas começando mais um dia normal, em um trabalho normal. Pelo menos sempre esperava que fosse assim. Tomei meu café e fui para a sala, começou o dia.
sábado, 15 de janeiro de 2011
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